“Desentoca o arsenal!”: a estrutura de sentimento na guerra de facções, analisada a partir do proibidão
DOI:
https://doi.org/10.34112/2317-0972a2019v37n77p93-110Palavras-chave:
Williams, proibidão, facção, guerraResumo
O presente artigo analisa a estrutura de sentimento da guerra de facções, representada no gênero musical denominado funk proibidão, objeto deste estudo. O funk proibidão produzido na periferia de São Luís, no estado do Maranhão segue a linha dos funks que abordam as experiências das primeiras instituições de autorregulação e autodeterminação do crime surgidas nos estados do Rio de Janeiro (em fins dos anos 1970) e de São Paulo (no início da década de 1990). Respectivamente, CV e PCC. Diante da análise das letras dos proibidões catalogados na pesquisa, concluiu-se que a materialidade do funk de facção é a base constituinte de uma forma concreta de socialização de experiências de uma fração da juventude periférica (sujeita a políticas estatais de encarceramento e extermínio), que vê no crime sua única possibilidade de ascensão social, agora organizada a partir de uma articulação inédita cadeia-favela.
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