“Desentoca o arsenal!”: a estrutura de sentimento na guerra de facções, analisada a partir do proibidão

Autores

  • Luiz Eduardo Lopes Silva Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, MA, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.34112/2317-0972a2019v37n77p93-110

Palavras-chave:

Williams, proibidão, facção, guerra

Resumo

O presente artigo analisa a estrutura de sentimento da guerra de facções, representada no gênero musical denominado funk proibidão, objeto deste estudo. O funk proibidão produzido na periferia de São Luís, no estado do Maranhão segue a linha dos funks que abordam as experiências das primeiras instituições de autorregulação e autodeterminação do crime surgidas nos estados do Rio de Janeiro (em fins dos anos 1970) e de São Paulo (no início da década de 1990). Respectivamente, CV e PCC. Diante da análise das letras dos proibidões catalogados na pesquisa, concluiu-se que a materialidade do funk de facção é a base constituinte de uma forma concreta de socialização de experiências de uma fração da juventude periférica (sujeita a políticas estatais de encarceramento e extermínio), que vê no crime sua única possibilidade de ascensão social, agora organizada a partir de uma articulação inédita cadeia-favela.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luiz Eduardo Lopes Silva, Universidade Federal do Maranhão, Pinheiro, MA, Brasil.

Luiz Eduardo Lopes Silva Possui graduação em História Licenciatura Plena (2006-2010) e Mestrado em História Social (2012-2014), ambos pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Atualmente é aluno do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF) em nível de doutorado. É professor efetivo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Campus Universitário de Pinheiro. E também professor da rede pública estadual do Maranhão (ensino médio). Tem experiência na área de História Contemporânea. Concentra-se na pesquisa dos seguintes temas: luta de classes em suas diversas manifestações, criminalidade urbana violenta, estética da violência, facções e processos de institucionalizações no mundo do crime; neoliberalismo e encarceramento em massa, funk proibidão, rap, hip hop e produção cultural nas periferias, história dos usos de psicoativos, proibicionismo, Thompson e Raymond Williams, cultura e marxismo, fundamentos teóricos da obra marxiana, estética e ontologia, situacionistas, marxismo libertário.

Referências

ARANTES, P. Extinção. São Paulo: Boitempo, 2007. (Coleção Estado de sítio).

BIONDI, K. Proibido roubar na quebrada: território, hierarquia e lei no PCC. São Paulo: Terceiro Nome, 2018.

CEVASCO, M. E. Para ler Raymond Williams. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

CYMROT, D. “Proibidão” de Colarinho-Branco. In: BATISTA, C. B. (Org.). Tamborzão: olhares sobre a criminalização do funk. Rio de Janeiro: Revan, 2013.

FACINA, A. Quem tem medo do “proibidão”? In: BATISTA, C. B. (Org.). Tamborzão: olhares sobre a criminalização do funk. Rio de Janeiro: Revan, 2013.

FELTRAN, G. de S. Fronteiras de tensão: política e violência nas periferias de São Paulo. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

______. Irmãos: uma história do PCC. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

HIRATA, D. V.; GRILLO, C. C. Sintonia e amizade entre patrões e donos de morro: perspectivas comparativas entre o comércio varejista de drogas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 29, n. 2, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ts/v29n2/1809-4554-ts-29-02-0004.pdf> Acesso em: 08 jul. 2019.

KEHL, M. R. Da lama ao caos: a invasão da privacidade na música do grupo Nação Zumbi. In.: CAVALCANTE, B.; STARLING, H.; EISENBERG, J. (Org.). Decantando a República. V. 3: Inventário histórico e político da canção popular. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.

LESSING, B. As facções cariocas em perspectiva comparativa. Novos Estudos – CEBRAP, Dossiê Segurança Pública, v. 80, p. 43-62, mar. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/nec/n80/a01n80.pdf> Acesso em: 08 jul. 2019.

LOPES, A. C.; FACINA, A. Cidade do funk: expressões da diáspora negra nas favelas cariocas. Revista do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, n. 6, p. 193-206, 2012. Disponível em: <http://www.cult.ufba.br/wordpress/24340.pdf> Acesso em: 08 jul. 2019.

MANSO, B. P.; DIAS, C. N. A guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil. São Paulo: Todavia, 2018.

MARQUES, A. “Liderança”, “proceder” e “igualdade”: uma etnografia das relações políticas no Primeiro Comando da Capital. Etnográfica, v. 14, n. 2, p. 311-335, jun. 2010. Disponível em: <https://journals.openedition.org/etnografica/303> Acesso em: 08 jul. 2019.

MATTOS, C. dos S. Uma etnografia da expansão do mundo do crime no Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 31, n. 91, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v31n91/0102-6909-rbcsoc-3191102016.pdf> Acesso em: 08 jul. 2019.

NOVAES, D. Funk proibidão: música e poder nas favelas cariocas. 137 f. Dissertação (mestrado) – Museu Nacional, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016. Orientadora: Adriana Facina. Coorientador: Carlos Palombini

PALOMBINI, C. Entrevista com Gustavo Lopes (MC Orelha). In: BATISTA, C. B. (Org.). Tamborzão: olhares sobre a criminalização do funk. Rio de Janeiro: Revan, 2013a.

PALOMBINI, C. Musicologia e direito na Faixa de Gaza. In: BATISTA, C. B. (Org.). Tamborzão: olhares sobre a criminalização do funk. Rio de Janeiro: Revan, 2013b.

SANTOS, T. dos (MC Praga). A guerra. In: BATISTA, C. B. (Org.). Tamborzão: olhares sobre a criminalização do funk. Rio de Janeiro: Revan, 2013.

SOUZA, J. As metamorfoses do malandro. In: CAVALCANTE, B.; STARLING, H.; EISENBERG, J. (Org.). Decantando a República. V. 3: Inventário histórico e político da canção popular. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.

THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa I: a árvore da liberdade. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

VIEIRA, T. B. Proibidão de boca em boca: representações sociais no funk proibido. Rio de Janeiro: UFRJ, 2012.

WACQUANT, L. O lugar da prisão na administração da pobreza. Novos Estudos – Cebrap, n. 80, p. 9-19, mar. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/nec/n80/a02n80.pdf> Acesso em: 08 jul. 2019.

WILLIAMS, R. Marxismo e literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

______. A política e as letras: entrevistas da New Left Review. Tradução de André Giset. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2013.

Downloads

Publicado

2019-12-31

Edição

Seção

Dossiê – Artigos