Escuta inumana: murmúrios de uma vida irrepresentável pelo grito arquivista...
DOI:
https://doi.org/10.34112/2317-0972a2014v32n62p155-167Palavras-chave:
Arquivo, imagem, desaparecimento, experimentação.Resumo
Sons penetrantes e alaridos constantes são emitidos com força por fotografias e mapeamentos genéticos que estão entranhados num movimento contemporâneo – do qual participam ciências e artes – que quer afirmar: arquivar é não desaparecer! Mas, como diz Gilles Deleuze, “quando o poder toma assim a vida como objeto ou objetivo, a resistência ao poder passa a invocar a vida, e volta-a contra o poder” (Deleuze, 2005a, p.124). Aceitar o convite deste filósofo e exercitar uma escuta inumana, capaz de dar a ouvir que os gritos deixam escapar algo impossível, intolerável e precário: o testemunho do desaparecimento. Geram uma decepção que dá a ver algo de irrepresentável nas imagens, palavras e sons. Para José Gil, o vazio, a diferença, o irrepresentável, abriria tensões, permitiria não um preenchimento, mas uma circulação infinita de forças: “em que possível se reúne ao infinito” (2005, p.32). Pensamentos que quero expandir em conexões com A Biblioteca dos Enganos, de Walmor Corrêa, e Arquivo para uma obra acontecimento, de Suely Rolnik, para pensar como estas obras se inventam desde dentro do grito arquivista. Não recusam, nem denunciam os arquivos. Também não aderem a eles. Promovem um esvaziamento vital da política arquivista, transformando-a em objeto de experimentação. Criam superfícies murmurantes, subtraindo a força de morte e memória dos arquivos e extraindo uma vida que faz parte da própria força arquivista. Uma vida que se efetua como a capacidade de resistir da própria força. Ouvimos um mar...Downloads
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