Pizarnik, Bagioni, Viel Temperley y Calveyra: leer lo ilegible en la poesía argentina contemporánea

Autores

  • Cristina Piña

DOI:

https://doi.org/10.34112/2317-0972a2022v40n84p27-40

Resumo

Quando falo sobre ‘ilegalidade’ no título desta conferência, em relação à certa poesia, refiro-me ao fato que, muitas vezes, frente a um poeta renovador, não temos as ferramentas teóricas para dar um nome preciso às suas renovações e nos faz falta esperar que essas ferramentas apareçam pelas mãos de algum pensador conectado à literatura

No caso dos quatro poetas argentinos contemporâneos que selecionei para essa conferência — Alejandra Pizarnik, Amelia Biagioni, Héctor Viel Temperley y Arnaldo Calveyra — essas ferramentas tem a ver com o conhecimento de Gilles Deleuze que, em sua elaboração estético-filosófica, foi desenvolvendo conceitos que logo me permitiram nomear fenômenos poéticos aos quais, a princípio, resultava-me difícil lhes dar uma nominação precisa.

Desde este ponto de vista, o contato com seus conceitos renovadores e iluminadores, permitiu-me captar, com maior precisão, as transformações operadas por esses quatro poetas.

Para além de suas grandes diferenças, um fator que une esses poetas é sua condição de nômades entre os diversos grupos de escritores que existiam em seus respectivos momentos vitais, no sentido de que nenhum deles pertence a nenhum grupo determinado, sem bem que — exceto Viel Temperley que se mantém em uma solidão total — passam por alguns desse grupos, ao compartilharem certas buscas comuns, mas sem nunca permanecerem a nenhum deles. Esse nomadismo dá aos quatro uma individualidade que os recorta como fenômenos poéticos excepcionais, afirmando suas identidades singularmente fortes. Porque, além disso, na construção de uma língua estrangeira, realizarão agenciamentos rizomáticos com a voz alheia, a qual incorporam a sua própria.

Além do conceito de nomadismo de Deleuze, o conceito de ‘estilo foi excepcionalmente frutífero para mim, pois refere-se a uma certa separação da língua materna para escrever em uma língua estrangeira, distanciando-se da gramaticalidade e das formas convencionais consagradas. Isso com o fim de colocar a língua em vibração, dando-lhe uma corporeidade que a leva a uma singular aproximação com o animal, no sentido do predomínio da sensação na comunicação da experiência e no fato de que ambos se conectam à arte. Porque como diz Deleuze, a arte nos distancia do âmbito do humano convencional para nos aproximar ao animal, à sua captação perceptual da realidade e a sua forma de fazer arte. Esse devir nómade, abriu-me uma possibilidade de compreensão muito mais ajustada às peculiaridades poéticas próprias de cada um desses quatro escritores contemporâneos, de certo modo, renovadores.

A esses conceitos centrais, somam-se outros conceitos que iremos revisando ao longo da conferência, como rizoma, agenciamento, linhas de segmentaridade, moleculares e de destruição, territorialização e desterritorialização, linhas de fuga, minoridade da língua e a explosão do sujeito como entidade molar.

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Publicado

2022-05-13

Edição

Seção

Leituras plurais, escritas equilibristas – Artigos Internacionais