Recontextualização a serviço do desenvolvimento da escrita: análise de duas produções de texto do ensino médio
DOI:
https://doi.org/10.34112/2317-0972a2019v37n76p125-145Palabras clave:
recontextualização, acontecimento discursivo, aquisição da escritaResumen
Partindo do princípio de linguagem como interação e de texto como lugar em que ela se manifesta, pretende-se mostrar como a atividade de recontextualização, na produção textual, proporcionou aos estudantes refratarem acontecimentos discursivos. Trata-se de parte dos resultados de uma pesquisa-ação, no campo aplicado dos estudos linguísticos, cujos dados foram gerados em uma escola pública estadual, no município de Dourados/MS, em dois primeiros anos do Ensino Médio. As aulas de Língua Portuguesa, que propiciaram a constituição do corpus composto por um total de 70 textos, envolveram leituras reflexivas e análise linguística de três versões do gênero conto de fadas Chapeuzinho Vermelho, culminando no trabalho de escrita/reescrita, pelos estudantes, da quarta versão do conto. Dois dos dados, qualitativamente selecionados, apontam que a materialidade dos contos recontextualizados pelos estudantes refrata experiências tanto empíricas quanto simbólicas e marca ideologias, crenças e valores. A atividade de recontextualização parece contribuir significativamente para o desenvolvimento da escrita, na medida em que propicia a concretização desta como acontecimento discursivo.
Descargas
Citas
AGUIAR, V. T. de (Coord.). Era uma vez... na escola: formando educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato, 2001.
APARÍCIO, A. S. M. Análise linguística na sala de aula: modos de construir um percurso de investigação. In: GONÇALVES, A. V; SILVA, W. R; GÓIS, M. L. S. (Org.). Viabilizar a Linguística Aplicada: abordagens teóricas e metodológicas. São Paulo: Pontes, 2014.
BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1997 [1929].
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2006 [1953].
BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fada. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais – Ensino Médio, Brasília: MEC, 2006.
COELHO, N. O conto de fadas – símbolos mitos e arquétipos. São Paulo: Ática, 1998.
CORDEIRO, G. S. Escrita de textos argumentativos em classes suíças francófonas do Ensino Médio: uma análise multifocal do objeto ensinado. Raído, Dourados, MS, v. 9, n. 18, jan./jun. 2015.
CORRÊA, M. L. G. O modo heterogêneo de constituição da escrita. SP: Martins Fontes, 2004.
CORRÊA, M. L. G. Pressupostos teóricos para o ensino da escrita: entre a adequação e o acontecimento. Filologia e Linguística Portuguesa, São Paulo, n. 9, p. 201-211, 2007.
DIAS, R. E. Competências – um conceito recontextualizado no currículo para a formação de professores no Brasil. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, Rio de Janeiro, 2002.
DIAS, R. E. A recontextualização do conceito de competências no currículo de formação de professores no Brasil. TEIAS, Rio de Janeiro, ano 5, n. 9-10, jan./dez. 2004.
GÓES, L. P. Introdução à Literatura infantil e juvenil. 2. ed. São Paulo: Pioneira, 1991, 189 p.
KOURILSKY-BELLIARD, F. Recontextualização, uma importante etapa da mudança. In: KOURILSKY-BELLIARD, F. Do desejo ao prazer de mudar. SP: Manole, 2004. p. 49-62.
LIRA, B. C. Leitura e recontextualização: o discurso multimodal. São Paulo: Paulinas, 2010.
MOTTA-ROTH, D. Sistemas de gêneros e recontextualização da ciência na mídia eletrônica. Niterói, n. 28, p. 153-174, 1. sem. 2010.
PROPP, V. Morfologia do conto maravilhoso. Tradução de Jasna Paravich Sarhan. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
SIGNORINI, I. Construindo com a escrita outras cenas de fala. In: SIGNORINI, I. Investigando a relação oral/escrito. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2001.
SIGNORINI, I. (Org.) Gêneros catalisadores: letramento e formação do professor. São Paulo: Parábola, 2006.
TODOROV, T. As estruturas narrativas. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1970.